Rogério Santos, do partido Republicanos, foi reeleito prefeito de Santos no segundo turno das eleições municipais, vencendo a deputada federal Rosana Valle (PL) com 53,37% dos votos, contra 46,63% da adversária. Com 100% das urnas apuradas, a disputa foi acirrada e marcou uma divisão significativa entre duas alas da direita política na Baixada Santista. Embora ambos os candidatos fossem de espectros conservadores, a polarização entre os apoiadores de Jair Bolsonaro e Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, tornou-se um dos aspectos centrais desta eleição.
Apesar de Rogério Santos e Tarcísio serem do mesmo partido, o governador paulista optou por não declarar apoio explícito a nenhum dos dois candidatos no município, o que gerou especulações e discussões dentro da base de apoio do Republicanos. Enquanto isso, Rosana Valle contou com o apoio direto da família Bolsonaro, uma vez que a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, foi uma das principais cabos eleitorais de sua campanha. Três dias antes da votação do segundo turno, Michelle e o ex-presidente Jair Bolsonaro estiveram em Santos participando de eventos de apoio à deputada.
Essa derrota para a família Bolsonaro em Santos reflete um momento delicado para o PL (Partido Liberal), principalmente considerando que Rosana Valle preside o PL Mulher em São Paulo desde 2023 e Michelle Bolsonaro é a presidente nacional do movimento.
Mudanças partidárias e um cenário político novo em Santos
Rogério Santos, que migrou do PSDB para o Republicanos em outubro de 2023, antes da campanha, conseguiu capitalizar o apoio que havia conquistado em sua primeira gestão. Herdando o legado de Paulo Barbosa (PSDB), prefeito anterior e um dos principais cabos eleitorais de Santos, Rogério soube manter a confiança de grande parte do eleitorado conservador da cidade. Ele trabalhou como chefe de gabinete e secretário de governo durante os mandatos de Barbosa, cargos que o prepararam para sua ascensão à prefeitura. No entanto, a mudança de sigla do PSDB para o Republicanos representa o avanço da direita conservadora na região, marcando o fim de uma sequência de três mandatos tucanos em Santos.
A campanha eleitoral deste ano foi marcada por trocas de acusações entre os dois candidatos. Rogério Santos enfrentou duas condenações do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), sendo obrigado a pagar multas de R$ 5 mil por patrocinar publicações em redes sociais que foram consideradas como propaganda irregular. Além disso, ele foi penalizado por fazer postagens em canais oficiais da prefeitura durante o período eleitoral, o que gerou críticas da oposição. Apesar desses contratempos, o republicano conseguiu manter sua base de apoio sólida, destacando, durante sua campanha, os “quatro anos de muito trabalho” realizados em seu primeiro mandato.
O futuro da administração Santos
Rogério Santos atribuiu sua vitória à confiança que os eleitores depositaram em seu trabalho anterior. “A população entendeu e enxergou. Agora, no segundo momento, vamos mostrar aquilo que faremos daqui para frente”, afirmou o prefeito reeleito. Sua administração nos próximos anos terá o desafio de continuar os projetos iniciados durante o primeiro mandato, com ênfase em melhorias na infraestrutura urbana, saúde e segurança.
A cidade de Santos, um dos principais polos econômicos da Baixada Santista, é conhecida por seu porto e sua importância no cenário nacional. O prefeito reeleito terá a tarefa de conciliar os interesses locais com os desafios políticos e econômicos de uma cidade estratégica para o desenvolvimento do estado de São Paulo.
O cenário político de Santos, que antes era amplamente dominado pelo PSDB, agora se consolida como um espaço de ascensão da direita conservadora, impulsionada pela mudança partidária de Rogério Santos e pelo apoio de eleitores mais alinhados com pautas conservadoras. A vitória de Rogério, apesar de apertada, reforça o novo perfil político da cidade, abrindo espaço para uma nova configuração política nos próximos anos.
Esta eleição, além de destacar a divisão na direita brasileira, também reflete as mudanças nas dinâmicas políticas locais e o impacto das grandes figuras nacionais no cenário municipal. A cidade de Santos entra em um novo ciclo, com grandes expectativas sobre a continuidade e aprimoramento das políticas públicas já implementadas, enquanto a oposição se reestrutura para futuros embates eleitorais.