Nesta sexta-feira (8), a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística de São Paulo, Natália Resende, e a diretora da Defesa Civil do Estado, coronel Cláudia Bemi, visitaram a Vila Sahy, em São Sebastião, um dos bairros mais afetados pelos deslizamentos de 2023. A ação é parte do acompanhamento do projeto de restauração ambiental em áreas de risco e da Mata Atlântica, que visa estabilizar encostas, preservar a biodiversidade e minimizar o impacto das chuvas no município.
A Prefeitura de São Sebastião, com o apoio técnico da CDHU, tem implementado obras de infraestrutura fundamentais para garantir a segurança das encostas. Em conjunto, a Fundação Florestal aplicou hidrossemeadura, uma técnica que utiliza água e sementes para recomposição vegetal, nas encostas que sofreram deslizamentos. A cobertura vegetal resultante já começa a desempenhar um papel essencial, impedindo o deslizamento de terra e o carreamento de lama para a comunidade.
O grande diferencial do projeto é o uso de tecnologia avançada para dispersão aérea de sementes nativas. Desde o início de 2024, drones agrícolas têm espalhado aproximadamente 350 kg de sementes em biocápsulas biodegradáveis, o que representa quase 1 milhão de sementes distribuídas em áreas de difícil acesso, como encostas íngremes. As biocápsulas, desenvolvidas para garantir a germinação em condições adversas, incluem sementes de espécies pioneiras como guapuruvu, embaúba e crindiúva, adaptadas ao ecossistema local e que promovem a rápida regeneração da cobertura vegetal. Com essa abordagem, o objetivo é que 70% da área afetada esteja regenerada até 2026.
Parcerias Estratégicas e Investimentos
O projeto de recuperação é financiado pela Concessionária Tamoios e outras entidades, e conta com o apoio do Ministério Público, Cetesb, Ambipar e do Instituto Conservação Costeira (ICC). Rodrigo Levkovicz, diretor-executivo da Fundação Florestal, ressaltou a importância da colaboração entre diversos setores: “A dispersão aérea é uma solução eficiente e de baixo impacto para restaurar grandes áreas. A atuação conjunta das entidades tem sido fundamental para o sucesso deste processo de recuperação.”
Além da dispersão aérea, o processo conta com um investimento robusto na estabilização de solos. A Fundação Florestal destinou R$ 908 mil para a instalação de biomantas e hidrossemeadura, enquanto a Concessionária Tamoios investiu cerca de R$ 3,5 milhões. Gabriel Siqueira, coordenador ambiental da Tamoios, enfatizou o compromisso da empresa com o projeto: “A Tamoios está orgulhosa de financiar uma iniciativa que não só protege o meio ambiente, mas também a comunidade local, utilizando tecnologia de ponta como drones e inteligência artificial para restaurar a biodiversidade.”
Educação Ambiental e Resiliência Comunitária
Para além da recuperação ecológica, o projeto inclui ações educativas voltadas à comunidade da costa sul de São Sebastião, com atividades em escolas e locais estratégicos para conscientizar sobre os riscos naturais e práticas de prevenção. A coronel Cláudia Bemi, da Defesa Civil, destacou que essas ações fortalecem a resiliência da comunidade local. “Não estamos apenas restaurando a natureza; estamos também capacitando e conscientizando a população para lidar com os riscos de desastres naturais, o que reforça ainda mais a resiliência da comunidade.”
Adaptação Climática e Sustentabilidade
A visita também apresentou o Plano Estadual de Adaptação e Resiliência Climática (Pearc), que busca promover justiça climática e aumentar a resiliência de áreas vulneráveis. Como parte desse processo, Natália Resende visitou a Terra Indígena Rio Silveiras, onde ouviu relatos da comunidade sobre os desafios climáticos e discutiu estratégias de adaptação. O programa “Guardiões das Florestas”, que envolve o pagamento por serviços ambientais e capacitação de agentes indígenas, foi apresentado como um exemplo de modelo de preservação ambiental e cultural na região.
Rodrigo Levkovicz reforçou a importância de fortalecer as comunidades indígenas para um futuro sustentável: “Estamos criando um modelo de preservação que é tanto ambiental quanto cultural, garantindo que o conhecimento tradicional e o respeito à natureza façam parte desse processo.”
Rumo a um Futuro Sustentável
A recuperação das áreas de São Sebastião atingidas pelos deslizamentos é um exemplo de como tecnologia, parcerias e envolvimento comunitário podem transformar uma área afetada em um modelo de restauração ambiental. A expectativa é de que, em dois anos, a vegetação nativa esteja consolidada, promovendo uma paisagem segura e ecologicamente rica, capaz de suportar eventos climáticos extremos e preservar a biodiversidade.
fonte Agência SP